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segunda-feira, 1 de março de 2010

Céu escuro pela manhã

Meus olhos repousavam sobre o corpo do garoto largado no sofá, enquanto eu me encolhia na poltrona cada respiração. Era estranho estar ali, tão cedo, sem ter o que dizer. Quando isso havia começado? Naquela festa ou depois? Não consigo me lembrar.
Passei a mão pelo cabelo, notando o rosto calmo do moreno, me fazendo suspirar ao pensar como tudo isso havia começado pelo lado errado. A briga da noite anterior havia tomado o rumo errado, a noite separada havia nos jogado em mundos diferentes pela quarta vez aquela semana.

Suspirei baixo, levantando da poltrona, passando a mão pelos cabelos dele, pegando a minha bolsa na mesa, voltando a olhar para ele da porta. Encarei a porta por alguns segundos, balançando a cabeça, largando a bolsa no chão derrotada. Segurei as lágrimas, entrando na cozinha a procura de um pouco de café.
Segurei a xícara firmemente entre as mãos tremulas, pensando no que fazer. Ainda não acreditava que ele havia largado tudo por mim, por uma paixão que começara em uma festa. E mesmo assim não consegui dar um passo para fora da casa. Era como se algo me prendesse.

Parei no vão da porta, voltando a olhar o moreno dormindo tranquilamente, sem saber da minha tentativa de fuga, de deixar tudo para trás, de fazer com que ele se sentisse como mais um. Não consegui. Me sentei no chão ao lado do sofá, encolhida, apoiando a cabeça perto da dele, bebericando o café morno, sorrindo levemente. Tinha respeito demais pelos sentimentos dele... e pelos meus.
Me virei dando um leve beijo no rosto dele, encarando a janela, tendo certeza da decisão que tomara e ciente que não havia mais como voltar atrás.

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