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sábado, 13 de março de 2010

Ser amigos

O tempo nublado dava ao apartamento um ar frio, sombrio, deslocando o costumeiro ar de amor. A morena encarou o garoto que dormia na cama onde ela estava sentada, com um ar disperso. Não havia como fugir. Ela levantou, arrumando a cama do seu lado, sentando na mesa da cozinha, esperando que ele levantasse logo e acabasse com a tortura.

Liz ouviu os passos pesados do namorado entrando na cozinha, sentando-se ao lado dela, sério.

- Você parece diferente... Distante.
- Bem, você não acha que tudo isso já acabou?

A garota se moveu desconfortávelmente na cadeira, procurando um olhar acolhedor do moreno ao seu lado, que encarava a parede a sua frente, como se nada mais existisse.

- Isso foi tudo bem pensando, não?

Liam encarou a morena, cruzando as mãos em frente ao rosto.

- Pensei sobre tudo isso... Só acho que agora entendo. Não faz mais sentindo.

A morena hesitou um instante, antes de colocar a mão no braço gelado dele.

- Espero que eu não esteja te ferindo demais.

O movimento brutal do garoto, puxando o braço, levantando e derrubando a cadeira fizeram com que a garota se encolhesse, encarando-o apavorada.

- Junte as tuas coisas e fora. Você não mora mais aqui... E esqueça esse papo de sermos amigos!

Liz levantou, pousando as mãos nos ombros de Liam que a encarou com raiva. Ela respirou fundo, passando os dedos pelo rosto dele.

- Nós ainda podemos nos ver. Acho que ainda vou voltar, mas ainda não sei te dizer quando. Mas existe telefone... posso te ligar!

O moreno segurou as mãos da garota longe do seu rosto, dando alguns passos para trás, apontando para a porta.

- Eu falei sério, Liz. Fora!

Liam apoiou as mãos na mesa, baixando a cabeça para não ter que encarar a expressão surpresa da ex-namorada, muito menos as lágrimas amedrontadas dela. Era demais.

- Reação exagerada, Liam.
- Exagerada?? Não são sete da manhã, Eliza!! Não espere compreensão da minha parte, por favor. Você sabe muito bem que nada disso tem sentido. Você está fugindo e você sabe disso!

Os dois se encararam em silêncio, ofegantes, deixando que a raiva ficasse densa entre eles. O garoto, balançou a cabeça, voltando a se apoiar na mesma.

- Esta na hora de você ir.

A morena mordeu os lábios, esperando por uma reação contrária do garoto que ela tanto amara, mas sentira medo de se entregar. Via que o estrago havia sido mais profundo do que ela pretendia. Ela suspirou, pegando a sua mala, virando-se na porta.

- Liam...

Ela baixou a cabeça ao ver que o garoto havia virado as costas à ela, voltando para o quarto. Encarando o tapete, novamente ela percebeu que a simples ameaça de terminar, por mais que falsa, havia acabado com tudo.

- Liz.

A morena virou-se esperançosa para o garoto que estava parado atrás dela.

- Sim?!
- Você esqueceu sua agenda.

Liam a encarava impassível, estendendo a agenda que ele havia lhe dado uma semana antes. A garota pegou a agenda, saindo do apartamento o quanto antes.

sábado, 6 de março de 2010

Frase de Sábado...

Dependendo de onde eu estiver, vou chegar morrendo na funerária!

(Piadas Infames de um sábado a tarde. Aprovadas pela filha do cara da funerária *-*)

quarta-feira, 3 de março de 2010

Perca seu tempo...

Os relatórios, os manuscritos feitos com tanto trabalho jaziam largados por todo o apartamento, enquanto eu os observava, derrotada, de cima da mesa, brincando com a pequena garrafa de água. Meus maiores sonhos estava agora amassados no chão da casa dos sonhos. Como em um dia tudo havia desmoronado? Suspirei cruzando as pernas, encarando as luzes da cidade pela janela aberta.

Por tantas vezes eu havia imaginado como seria ser a editora principal de um livro famoso, ter os manuscritos, fazer os relatórios necessários. Uma vida baseada nisso. Agora...nada mais existia.
Joguei a garrafa vazia na pia, saltando da mesa, começando a juntar os papéis, guardando-os em uma gaveta na sala. Peguei o celular, começando a discar, desligando logo em seguida. Não podia admitir a derrota.

Balancei a cabeça, sentindo a água quente do chuveiro acalmar a tensão em meus ombros. Passando a mão pelos cabelos encharcados.

- Estúpida.

Puxei a toalha, enrolando-a em volta do corpo, me encarando no espelho. Eu havia desistido. Fui fraca e sucumbi. Novamente balancei a cabeça, rindo. Coloquei as roupas que havia deixado no quarto, puxando o notebook para o meu colo ao sentar na cama, respirando fundo ao digitar a senha do arquivo dos manuscritos.
Reli os últimos capítulos, editei, sentindo uma nova esperança brotar em mim quando finalmente me enrolei no cobertor, fechando os olhos.

Respirei fundo ao empurrar a porta de vidro do diretor, que me encarou surpreso, colocando uma pasta preta em sua mesa.

- Eu revi os manuscritos e os editei novamente.

Ele me olhou curioso, pegando a pasta, lendo algumas páginas concordando com a cabeça.

- Muito bom, Senhorita. Está de parabéns.

Sorri em agradecimento, saindo calmamente do escritório dele, abrindo o casaco que usava, aliviada.

- E pensando que quase desisti...

Peguei o copo de café de cima da minha mesa, sentando na cadeira, encarando o dia nublado e chuvoso e mesmo assim sorri.
Eu quase havia desistido do meu maior sonho, não sei como. Sonhos são aquilo que nos movem, nos fazem correr atrás daquilo que queremos. O que seríamos sem sonhos? Acho que nada. Peguei a caneta usual, escrevendo em um dos papéis, grudando-o no meu monitor.

Nunca desista dos seus sonhos.

terça-feira, 2 de março de 2010

Paixão é medo.

A chuva batia contra o vidro, embaçando-o, deixando o ambiente ruidoso. Passei os dedos pela janela, analisando a paisagem montanhesca pela qual o trem passava, sorrindo levemente ao notar o quão longe eu realmente estava. Toda partida era dolorosa, mas aquela havia me trazido alívio. Me afastar de tudo, voltar o foco para o que realmente importava.

Encolhi as pernas no banco, apertando o livro que estava lendo contra o peito, observando os outros três passageiros que dividiam a cabine comigo. Um homem sério, escondido atrás do jornal daquela manhã. Uma mulher com uma criança de colo. E um outro homem que dormia encostado na janela. Notei a diversidade das pessoas e o quanto tudo aquilo havia feito falta durante os meses que passará na cidade dos meus pais.

Puxei a câmera da minha bolsa tirando algumas fotos das pessoas, voltando a olhar a paisagem logo em seguida. Lembrei do loiro que não me saia da cabeça há semanas e até agora ainda sentia os efeitos dos seus olhos verdes sobre mim. Suspirei. Ainda não sei como fui cair na armadilha de sentir coisas assim sabendo que nada disso iria durar. Qual era a finalidade? Lembranças... Eu poderia ter tido mais, ou não? Sei que sentia medo.

A intensidade da chuva aumentava quanto mais percorríamos as florestas, me fazendo sorrir. Eu me sentia em casa ali e pela primeira vez não sentia medo, nem intrigada com o que ele pensaria. Estava finalmente em paz.
Estiquei as pernas, abrindo-o livro, deixando tudo para trás como a última página de um livro antigo.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Céu escuro pela manhã

Meus olhos repousavam sobre o corpo do garoto largado no sofá, enquanto eu me encolhia na poltrona cada respiração. Era estranho estar ali, tão cedo, sem ter o que dizer. Quando isso havia começado? Naquela festa ou depois? Não consigo me lembrar.
Passei a mão pelo cabelo, notando o rosto calmo do moreno, me fazendo suspirar ao pensar como tudo isso havia começado pelo lado errado. A briga da noite anterior havia tomado o rumo errado, a noite separada havia nos jogado em mundos diferentes pela quarta vez aquela semana.

Suspirei baixo, levantando da poltrona, passando a mão pelos cabelos dele, pegando a minha bolsa na mesa, voltando a olhar para ele da porta. Encarei a porta por alguns segundos, balançando a cabeça, largando a bolsa no chão derrotada. Segurei as lágrimas, entrando na cozinha a procura de um pouco de café.
Segurei a xícara firmemente entre as mãos tremulas, pensando no que fazer. Ainda não acreditava que ele havia largado tudo por mim, por uma paixão que começara em uma festa. E mesmo assim não consegui dar um passo para fora da casa. Era como se algo me prendesse.

Parei no vão da porta, voltando a olhar o moreno dormindo tranquilamente, sem saber da minha tentativa de fuga, de deixar tudo para trás, de fazer com que ele se sentisse como mais um. Não consegui. Me sentei no chão ao lado do sofá, encolhida, apoiando a cabeça perto da dele, bebericando o café morno, sorrindo levemente. Tinha respeito demais pelos sentimentos dele... e pelos meus.
Me virei dando um leve beijo no rosto dele, encarando a janela, tendo certeza da decisão que tomara e ciente que não havia mais como voltar atrás.