Pages

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Tempos Insanos

O branco das paredes, o vazio das prateleiras e os poucos móveis no quarto faziam a angústia se espalhar por cada centímetro do meu corpo. Meus pensamentos se perdiam, procurando uma maneira de entender, crescer, viver.

Me tira daqui
era tudo que eu queria gritar; jogar os livros no chão, manchar aquela parede branca enjoada. Fiquei em silêncio observando os prédios iluminados, ouvindo o tráfego dezessete andares abaixo de mim. Era irreal, abafado, odioso. De que me adianta morar no centro enconômico do país se não o quero?

O que eu estou fazendo aqui?
era o que eu perguntava, passeando pelo apartamento - branco, de mal gosto- que deveria ser meu porto seguro, que eu via cada vez mais como um hospício. Um hospício onde entrei por livre arbítrio, quem diria. Fui longe o bastante para fugir do passado e agora sinto falta dele. Desconheço essa angustia e abandono.

Como cheguei aqui? Não lembro. A noite dá a resposta óbvia: Fugindo, correndo. As mãos na minha cabeça já não aliviam a dor e tontura que toma conta de mim e a escuridão me envolve com seus dedos frios, em um abraço confortante.

Abro os olhos e vejo meu corpo caído perto da mesa, o chão salpicado de gotas vermelhas e silêncio.

0 comentários:

Postar um comentário