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domingo, 3 de outubro de 2010

Um milésimo de segundo de uma noite de sexta-feira

O apitar das máquinas que circundavam a cama dele haviam se tornado distantes zumbidos para mim, mas a realidade ainda chegava a mim, apesar dos olhos fechados, apoiados na cama, enquanto meus dedos se entrelaçavam com os dele.

As imagens voltavam rapidamente. A estrada molhada. As risadas. O carro na contra-mão e escuridão.
Abri os olhos repentinamente, sentido as lágrimas umidecerem meu rosto, ardendo nos cortes abaixo dos olhos. Encarei o meu namorado, imóvel, com diversos cortes no rosto e braços e um ombro quebrado. Abafei o soluço desesperado de nunca mais vê-lo sorrir, ouvir a sua voz me dizendo que tudo iria ficar bem... Nada iria ficar bem sem ele.

Senti as mãos da minha amiga nos meus ombros, percebi que ela falava comigo, mas nenhuma das palavras chegavam a fazer nexo para mim. Balancei a cabeça em sinal que havia entendido e vi ela se afastando com um sorriso incerto, gesticulando para os outros que eu não dava abertura ainda.

Levantei, sentindo o cansaço, o medo, tomarem conta de mim, saindo do quarto em silêncio, parando em frente a térmica de café no corredor. Tomei alguns goles, agradecendo o calor. Me escorei contra a parede, deixando as lágrimas escorrerem novamente.

Tintas. Estávamos discutindo as malditas tintas da casa.


Suspirei fundo, voltando a sentar ao lado dele, apertando a sua mão.

- Eu te amo... me perdoa.

Tirei os fios de cabelo do seu rosto, dando um beijo no seu rosto, abaixando a cabeça de novo.


Voltei a entrelaçar nossos dedos, abaixando o rosto.

Senti um leve aperto na minha mão e a voz rouca e conhecida.

-Cabeçuda... também te amo!

E depois de três dias, o meu mundo voltou a girar.


Eu não posso te perder, nunca!

2 comentários:

Matheus Sonza disse...

Realidade, ficção... Vai saber! xD

Manuela disse...

Eu desejo que isso realmente nunca aconteça... Não sei o que seria de mim '-' UIAHSIUSHAIUHSAIUH

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