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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Cartas Guardadas

O silêncio no quarto era absoluto, me fazendo olhar, pela terceira para, para o relógio. O tempo não passara desde a última vez que o havia olhado. Eu tinha um texto pronto, sobre tudo que queria te falar; a intonação perfeita e o momento certo para terminar, friamente calculado.

Estranhamente não tenho mais coragem de discar o número do seu celular, para dizer tudo sem o menor sentimentalismo... inconscientemente estou tentando adiar um fim previsível.

O silêncio no meu quarto me sufocava e era interrompido pela minha respiração acelerada e o leve riscar da caneta no papel.
As linhas que escrevi, contando os seus defeitos, erros, minhas raivas, meu amor e medo, jamais serão lidas por você. Estas a mais irão se juntar as outras, em uma caixa em baixo da cama, esperando que um dia eu tenha coragem suficiente para entrega-las a você.

Quando essa coragem chegar não hesitarei em fazer a coisa certa, mas sei que até lá terei de manter o meu sorriso.

Novamente, o silêncio foi interrompido, mas desta vez pela folha que era dobrada e pelos seus passos que paravam a minha frente, olhando o papel que tinha o seu nome escrito.

E então eu nunca mais tive a chance de esperar a coragem chegar.




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